Minha Sublime Paz
Minha Sublime Paz Sentado na gélida cadeira da recepção, no hospital, espero ser atendido. Um faiscante ventilador de teto gusparava pingos elétricos a cada giro, oscilava entre lento e veloz, faltando-lhe uma hélice. Sentada na cadeira esquerda uma mulher que amamentava seu bebê, ao lado dela uma garota escorregava os dedos na tela do celular, as unhas longas e postiças com adesivos da Hello Kitty. À minha direita um homenzinho obeso e careca roncava, ele parecia o Homer Simpson. A minha sorte é que são exatas 23:59 da noite e a fila é pequena. De dentro vejo as crianças e adolescentes fantasiados lá fora, subindo e descendo as ruas, de casa em casa e estendendo suas abóboras de plástico e enchendo-as de doces. Quem dera eu estivesse ali, mamãe disse que não posso por sermos católicos, e que aquele não era dia das bruxas mas de todos os santos. Nós celebramos os vivos, não os mortos. É tão chato. O ventilador continuou rangendo até que parou abruptamente. Todo o hospital enegreceu, um...
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